Menos de 10% da classe C atribui ascensão social a ação do governo
22/10/2014
RIO — A classe C, que pode ser identificada como o segmento com renda de dois a cinco salários mínimos, no qual houve maior alta de Dilma Rousseff (PT) e queda de Aécio Neves (PSDB) de acordo com o Datafolha, engordou durante as gestões do PT, quando saiu de 39% da população, em 2002, para 56% dela, em 2014. Essa faixa populacional, entretanto, não atribui a ascensão social ao governo: apenas 9% deles acreditam que foi o Estado que promoveu as melhora de suas condições de vida, de acordo com uma pesquisa do Instituto Data Popular obtida pelo GLOBO. Ao todo, 89% dessa população acredita que essa ascensão foi fruto de esforço próprio — o que coincide com o discurso meritocrático defendido por Aécio.
A relação desse segmento com a política é dúbia: ao mesmo tempo em que 75% afirmam que ela é um assunto importante e 79% declararam saber de seus direitos como cidadão, apenas 37% afirmam entender de política e 63% consideram o principal problema do Brasil a corrupção na política. Diante dessa descrença, o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, acredita que a onda de ataques na campanha eleitoral para o segundo turno pode reforçar essa visão negativa e levar membros da classe C a engrossar as estatísticas da abstenção.
— Não adianta ter dois pontos na frente se são regiões com mais abstenções históricas. A abstenção foi um pouco maior no primeiro turno. Mas vai ter muita pancadaria, vai ter maior abstenção, porque ela cria maior desilusão com a política — explica.
Para a classe C, o principal problema do Brasil, no entretanto, é a Saúde (65%). Depois vem a corrupção na política e, em seguida, a violência, para 59% dos entrevistados, empatada com o aumento de preços e a inflação, também com 59%.
— É uma briga muito por serviços públicos de qualidade, estão fortemente preocupados com a economia e com a inflação e estão mais preocupados com o futuro que com quem os trouxe eles até aqui. Então, as propostas para o futuro são muito importantes — avalia Meirelles.
Esse preocupação, revela a pesquisa, é crescente: se 33% da classe C estava receosa com a alta de preços em 2010, hoje, esse percentual chega a 62%.
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