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Notícias | Economia


Consumidor pagará mais caro por carne de frango e de porco

22/03/2016





Carnes e derivados de aves e suínos devem custar mais caro para o consumidor a partir das próximas semanas, em Santa Catarina. O motivo é a alta do preço do milho, principal componente na alimentação dos animais. O produto passou pela maior cotação dos últi­mos anos e se mantém es­tável, a um valor alto para a agroindústria.


As aves e os suínos que estão à venda hoje não refletem o forte aumento no preço do grão. Mas, em 50 ou 60 dias, o acrésci­mo dos custos deverá ser repassado ao consumidor de forma gradativa. Por enquanto, nem os espe­cialistas do governo, nem os representantes do se­tor produtivo se arriscam a fazer uma projeção exa­ta, mas todos garantem que o aumento é certo.


Outra má notícia para a agroindústria é que a produção deste grão, em Santa Catarina, diminuiu quase 10%. Por outro lado, a demanda pelo agronegócio cresceu. Ou seja, a tendência é que os produtores de carne do Estado fiquem cada vez mais dependentes da pro­dução de milho de outras regiões do país.


Por enquanto, a agroin­dústria está absorvendo parte dos prejuízos.


“A carne vai aumentar o suficiente para a agroin­dústria sobreviver. Talvez 5, 6 ou 7%, mas ainda não se tem certeza”, afirma o presidente da Aurora Ali­mentos, Mário Lanznaster.


O principal motivo do preço do milho ter dispa­rado - 70% entre outubro e janeiro - foi o câmbio. A desvalorização do Real frente ao Dólar alavan­cou as exportações para 20 milhões de toneladas e encareceu internamen­te o produto, chegando a R$ 42 a saca.


Em Santa Catarina, o pre­ço se manteve o mais alto entre os estados do Sul e do Centro-Oeste duran­te todo este período. Se­gundo a economista da Epagri Gláucia Padrão, o valor do grão deve baixar nos próximos meses de­vido à safrinha brasileira e a maior oferta no mer­cado internacional.


A tendência é de queda, mas a agroindústria está com dificuldades e “tem resultados pífios desde novembro”, afirma Lanz­naster. Isso porque Santa Catarina busca mais de 50% do milho consumido fora do Estado e a ten­dência até o momento é de que este número au­mente. Em outubro, na época do plantio, a saca de milho chegou a R$ 27, preço que dificilmen­te cobriria os custos da produção, e fez com que os agricultores optassem por alternativas mais ren­táveis, como a soja.


É o que normalmente faz o agricultor Alceu Alberto Noernberg, 56 anos, que mora em Canoinhas. Nes­ta safra, ele só plantou mi­lho para alternar culturas, mas, mesmo com baixa produtividade devido ao excesso de chuva, aca­bou faturando acima da expectativa, por causa da mudança dos preços. Dos 213 hectares de cultivo em sua propriedade, ele plantou 60% de soja, 21% de feijão e 19% de milho. Obteve renda bruta de R$ 5,3 mil por hectare plan­tado de milho. “Houve uma diminuição da área cultivada em todo o Bra­sil porque, com o preço baixo, o produtor não foi estimulado a plantar. Com o baixo estoque regulador do governo e a não garan­tia de preço, quem não faz rotação de cultura não se motivou a plantar”.


Governo e setor produtivo estudam alternativas para reduzir preço


A Organização e Sindica­to das Cooperativas do Estado de Santa Catari­na (Ocesc), a Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fa­esc) e a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), que representam o setor produtivo, têm pres­sionado o governo do Estado para a operacio­nalização de uma ferro­via que faça o trajeto do Centro-Oeste para San­ta Catarina. Isso poderia reduzir o custo do milho em até 35%. No início de março, o governador Raimundo Colombo se reuniu com executivos do setor. “Se melhorar­mos nossa malha ferro­viária, vamos consolidar ainda mais o agronegó­cio catarinense”, afirmou o governador. O projeto ainda passará por estu­dos técnicos, mas ainda não há previsão de en­trega de resultados da pesquisa.


O governo do Estado instituiu programas de fomento à construção de silos e à distribuição de sementes. Outro pro­jeto visa frear a constan­te diminuição de área plantada, ao garantir um pagamento mínimo da agroindústria para o produtor. Colombo ain­da reduziu pela metade o ICMS cobrado em su­ínos vivos para tentar frear os preços. Mas a competitividade do mi­lho de outros estados, intensificada pela ope­ração de uma ferrovia, e somada aos bons ganhos com a soja, contribuem para que a área de plan­tio de milho encolha em Santa Catarina.


Colaborou: Jornal Correio do Norte/Canoinhas





# Adjori/SC

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