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Notícias | Economia


"Economia do Mar, o futuro de Santa Catarina"

22/01/2016

Agência Adjori de Jornalismo
– Como será iniciado
esse novo projeto?
Vinicius Lummertz – Um grande encontro na Fiesc, dias 8 e 9 de março, reunirá as entidades catarinenses
representativas da Indústria, Comércio, Serviços, Turismo, Agronegócio para, junto do Ministério do Turismo,
Embratur e Sebrae Nacional, elaborar um projeto, que depois poderá ser replicado em outros estados brasileiros.
O turismo é um dos 16 setores econômicos que a Fiesc está trabalhando. Já em fevereiro
haverá reuniões com especialistas para planejar essa discussão. Será construído um roteiro
de desenvolvimento do turismo e dentro disso está, com grande ênfase, o Economia do Mar. Mas também estará contemplado o turismo do Interior, da Serra, enfim, em todos os níveis. O turismo do mar economicamente é mais forte, dá resultados mais rápidos e robustos. É um dos setores mais “maduros” de Santa Catarina.
Adjori – O senhor está
completando sete meses
frente à Embratur, qual é
o balanço?
Lummertz – A Embratur já investiu R$ 15 milhões em campanhas publicitárias, em seis países mais próximos do turismo brasileiro que têm uma conectividade aérea forte, e terrestre também: Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia e Peru foram os mercados prioritários. Visitei cada um desses países pessoalmente, com os comitês de turismo desses países. Paralelamente, o Ministério do Turismo fez campanhas nacionais Em Santa Catarina, em especial, nós crescemos turisticamente neste Verão. Crescemos aproveitando a realidade cambial e o investimento em mídia e a articulação se multiplicou por conta da vantagem. Com isso o Turismo reagiu. Vamos ter um número muito maior de argentinos.
Adjori – E com relação a
outros países?
Lummertz – Tivemos um crescimento muito alto de chilenos, tivemos um aumento de voos charter para Santa Catarina, que foi de 600, contra 433 na temporada passada. Tivemos aumento de ocupação no réveillon
chegando a 97%. As taxas de ocupação para janeiro estão na faixa de 85%. Em um momento como esse, de crise, o turismo mostra sua força, porque esses recursos que entram na economia catarinense, e estamos
falando de 12,5% do PIB do Estado, vão “irrigar” a economia, já que são 52 setores da economia que
estão direta e indiretamente ligados ao turismo. Há então uma reação em cadeia que terá efeito nos próximos meses, primeiro no caixa das empresas, nos salários das pessoas, no fluxo interno de riquezas do Estado e consequentemente nos impostos. Precisamos continuar fazendo com que o turismo em Santa Catarina seja cada vez mais relevante, quebrando a sazonalidade, precisamos de turismo o ano inteiro.
Adjori – Mas como fazer
isso?
Lummertz – Precisamos melhorar também as ferramentas. O gasto médio
no Brasil está na faixa de 55 dólares, e os brasileiros quando vão para a Argentina gastam em média 144 dólares por pessoa. Se pegarmos o número de estrangeiros que vêm ao Brasil, foram 6,4 milhões em 2015, que deixaram 7 bilhões de dólares. É o quinto item na nossa balança de exportação. É significativo porque teve um crescimento de 1.500% nos últimos dez anos, enquanto que o turismo internacional cresceu 400%. Porém, se comparar com outros países, que têm entre 60 e 80 milhões de turistas, é muito pouco. Se comparar com a Austrália, que tem um número pequeno de turistas, cerca de 7 milhões, é possível perceber que é um número
parecido com o do Brasil. Entretanto, enquanto temos 7 bilhões de dólares de receita, eles têm 28 bilhões, porque o turismo é mais qualificado. Quanto mais qualificado o turismo, menos ele pesa proporcionalmente
sobre a infraestrutura do local.
Adjori – Qual é a visão
que o empresário precisa
ter?
Lummertz – Temos que amadurecer uma visão de negócio menos preconceituosa, menos classista. O turismo é negócio e precisamos qualificá-lo. Para isso devemos trabalhar novos ambientes de turismo, ampliando a área de eventos, o uso do mar, ampliar o uso da natureza, com os parques naturais e os negócios decorrentes dessas novas economias que surgem. A temporada é hoje o melhor momento econômico do Estado e os investimentos que foram feitos retornam para todos.

"Temos que amadurecer uma visão de negócio
menos preconceituosa. O turismo é negócio e
precisamos qualificá-lo."

Adjori – Inclusive para o
Interior do Estado?
Lummertz – O turismo funciona em camadas. A primeira delas é o turismo de alta proximidade. No verão de Santa Catarina, nas décadas de 50 e 60, foi criado o veranismo, com residências de praia. Esses terrenos que abrigavam casas, passaram posteriormente a abrigar prédios e condomínios. É um processo que começa por proximidade e vai se ampliando a medida que os negócios que surgem, motivados pelo turismo local, vão gerando infraestrutura, oferecendo atrativos, e que vão buscando público por faixas de distância. O Interior de Santa Catarina está mudando de patamar na medida em que tem mais pousadas, mais infraestrutura. Começa a atrair pessoas de camadas mais distantes. Isso é uma sequência e isso nos dá esperança de que temos potenciais, e na medida em que desenvolvemos os nossos potenciais essa esperança se transforma em investimentos e negócios para o Estado. O que deve a política pública fazer ao empresariado é criar as condições para mais investimentos, para mais infraestrutura e depois promover, que é o que a Embratur faz. O turismo induz novos negócios nas cadeias próximas e distantes. Se olharmos alguns casos típicos, como é o exemplo de Gramado, no Rio Grande do Sul, não se teve apenas a indução dos negócios de turismo de hospitalidade e logística do turismo. Teve também a ampliação da indústria de alimentos, chocolates artesanais, de vestuário e moveleira. Em Santa Catarina, pesquisas demonstram que os comerciantes estão cada vez mais conscientes de que o turismo é uma alavanca para as economias tradicionais, e também para novas.

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